Gerenciamento de Cores: Como funciona o perfil ICC

visualização gamut l.a.b. sola de sapato

leitura do testchart para criação do perfil icc

representação tridimensional do lab colorimetria

Gerenciamento de Cores: Como funciona o perfil ICC

Em todos estes 20 anos de experiência com gerenciamento de cores, eu já vi muitas palestras, muitos cursos, livros, enfim, diversas formas de apresentar esse conteúdo fascinante. Mas sendo sincero, o conteúdo é bem técnico, e por isso eu criei a minha própria forma de explicar,e espero que você, entenda e aplique este conhecimento no seu dia-a-dia.

Este artigo é complementar ao conteúdo que você já viu no nosso ebook gratuito, o Guia do Gerenciamento de Cores, mas calma: continua aqui na página, leia o conteúdo, e lá no final tem outro link pra você baixar o ebook, combinado? Neste mesmo link também você poderá se inscrever para receber nossa newsletter e receber todos os nossos conteúdos técnicos.

Bom, vamos lá. As principais dúvidas no nosso tão querido mercado gráfico, fotográfico e de comunicação visual são: Conversão no Photoshop, Calibração de Monitor, Perfil de mídias (lona, vinil, etc.), Calibração de Provas digitais. Poucos enxergam o quanto todas essas questões estão interligadas e como um conhecimento básico sobre gerenciamento de cores pode ajudar a resolver problemas (que a partir de agora ficarão) simples e não ter duvidas na hora de configurar o Gerenciamento de Cores do Corel ou do Photoshop.

Já adianto que aqui você não ter receita pronta, pois cada caso é um caso, e a nossa missão aqui é fazer você conseguir fazer sozinho.

Como você viu no Guia do Gerenciamento, o princípio mais básico, fundamental e que você jamais pode esquecer em relação à cor é: "A cor não existe, ela é apenas uma sensação subjetiva causada no cérebro pela perpeção, do olho e do sistema óptico, das diferentes combinações de ondas do espectro eletromagnético visível: a luz". É só decorar bem esse fundamento e você vai resolver uns 40% das dúvidas que aparecerem em relaçao a cor e tinta! Rs, brincadeira, mas é por aí...

Veja na imagem abaixo, você tem todos os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnático e, em uma pequena faixa ao centro, o espectro visível ao olho humano, também conhecido como LUZ. Esta pequena faixa localiza-se entre 400 e 700nm (nanômetros) de comprimento de onda, e ao ser emitida de forma uniforme, você tem a luz branca. Combinações diferentes dessas ondas é o que gera a sensação das diferentes cores no nosso cérebro.

Agora vem o pulo do gato: sabe aquele verde daquele cliente difícil de chegar? aquela situação em que o operador da pré-impressão olha para o modelo e diz: "acho que 30% ciano 30% de magenta", o designer diz que "claro que não, é 20% amarelo, 40% ciano", montam o arquivo, chega na impressão, sem prova de cor, sem densitômetro, sem controle de processo, e o impressor precisa se "virar nos trinta" pra chegar na cor, acontece até - imaginem só - de o cliente precisar vir aprovar o trabalho em máquina, isso é um absurdo. Mas com certeza você nunca viu essa situação pois esse tipo de coisa acontece bastante na Suíça, aqui no Brasil não acontece...

O grande problema nessa pequena história, que todos conhecemos, é que cor não se comunica por porcentagens de tinta. Tinta é uma coisa, cor é outra coisa (repita isso 5 vezes pra gravar bem). A cor você já sabe o que é, ela é uma coisa absoluta, e pra existir precisa ter 3 elementos: objeto, iluminante e visualizador.

Os iluminantes são os diferentes tipos de iluminação, mais amarela, mais avermelhada, tem vários tipos. Temos até o iluminante padrão da área gráfica que é o D50. O visualizador também é uma variável, pois cada olho percebe a cor de uma forma, temos inclusive os desvios de percepção de cor mais graves, como por exemplo o daltonismo.

"Anderson, mas se ela tem variáveis, como pode ser uma coisa absoluta?" Aí é que vem nosso segundo pulo do gato: Quando você usa um instrumento de medição de cor, chamado espectrofotômetro, dentro dele já estão normalizados o iluminante (na forma do emissor de luz padronizado do equipamento) e também o visualizador, na forma do fotorreceptor, também padronizado. Ora, travei estas variáveis, normalizei, padronizei, agora é só medir!

A medição da cor realizada com o espectrofotômetro vai te entregar uma valor em coordenadas L.a.b. Não vou me aprofundar nisso, pois já está bem detalhado no Guia do Gerenciamento de Cores. Observe as imagens de exemplo ao lado. Basicamente podemos dizer que: 1 - o L.a.b é um valor absoluto de cor; 2 - O L.a.b é um espaço de cor independente; e 3 - O L.a.b. É a maneira adequada de se comunicar cor! E é aqui que repetimos mais uma vez o mantra para não esquecer nunca mais: Tinta é uma coisa, cor é outra coisa.

O perfil ICC nada mais é uma tabela de formato padronizado que relaciona um espaço de cor tridimensional independente (L.a.b.) para um espaço de cor dependente (CMYK ou RGB). Você pode ter perfil ICC do monitor(RGB), da câmera(RGB), da prova digital(CMYK), da sublimação(CMYK), da impressora comum(RGB), do papel couché na offset máquina da esquerda(CMYK), do BOPP do fornecedor X na máquina de flexografia da direita com tinta do fornecedor Y(CMYK), e assim por diante. Qualquer coisa que produza cor, pode ser mapeada em um perfil de cores, desde que você consiga ler com um espectrofotômetro uma quantidade mínima de amostras para criar esse "mapa", também chamado de gamut. Veja na coluna à esquerda alguns exemplos de representação do gamut.

No exemplo abaixo temos um mini-perfil icc com 3 linhas:

Amostra	Valor L/a/b	Valor C/M/Y/K
amostra 1	+50/0/+100	0/0/100/0
amostra 2	+45/+80/+10	0/45/60/0
amostra 3	+98/-3/-5	0/0/0/0

Bom, fica aqui o exercício, que tenho certeza neste ponto você já consegue resolver: Olhando os exemplos aqui ao lado, entendendo o que foi passado até agora, quais são as cores que foram utilizadas de exemplo (azul, amarelo, verde, roxo??? descubra pelas coordenadas L.a.b.!). E no caso da terceira linha, mesmo com valores CMYK zerados, por que nao deu 100/0/0 no L.a.b??

Em suma, um perfil é um mapa de um dispositivo, que converte cor pra tinta(ou luz), e vice-versa. Mas para que tenha alguma utilidade, para que se possa fazer gerenciamento de cores, são necessários no mínimo 2 perfis. Faz sentido?

Vamos fazer um exercício: Imagine que o fotógrafo capturou o objeto, essa foto foi tratada no Photoshop do fotógrafo e convertida para RGB, depois foi aberta no Photoshop da gráfica convertida para CMYK, tirado prova digital e finalmente impressa na offset. Também vai ter uma impressão na plotter solvente, em material, digamos, lona comum de impressão.

Neste exemplo, temos diferentes pontos onde o gerenciamento de cores pode e deve ser aplicado corretamente:

1- A imagem é capturada geralmente em formato RAW(bruto) e convertida para RGB pelo próprio fotógrafo, ao tratar a imagem. Se aqui ele atribuiu o perfil exato que ele criou da câmera é GOL! Se ele usou um perfil genérico que alguém recomendou, pode até estar ok (tem que chamar o VAR e ver direitinho) O mais correto aqui é usar a opção "Converter para perfil..." e selecionar os perfis corretos de entrada e de saída. Por exemplo, como perfil de referência o perfil que foi gerado na câmera, e como perfil destino um perfil RGB de mercado, exemplo: ProPhotoRGB ou AdobeRGB.

2- Imagem tratada e linda em RGB, chegou na pré-impressão da gráfica. Mesmo raciocínio: Se o operador usou "MODO>CMYK" sem se atentar aos perfis, pode dar ruim! O mais correto, em teoria, seria utilizar a opção "Converter para..." e selecionar o perfil RGB que veio incorporado ao arquivo como origem, e o perfil da sua impressão como destino. Neste caso, temos alguns perfis padrão de mercado que podem ser utilizados, desde que sua impressão não esteja muito fora da norma em termos de densidade e ponto. Para offset plana em papel couché, por exemplo, podemos utilizar o ISO_Coated_v2.icc, também conhecido como FOGRA39. Tem também o ISO_Uncoated para papel offset. O mais importante é que o seu perfil CMYK de trabalho esteja configurado no software, e preferencialmente com a opção marcada "sempre converter", pra não ficar perguntando toda hora. Se vier qualquer coisa em RGB ou com perfil CMYK errado, ele ajusta os valores CMYK, para que a cor no final no final seja a que a gente espera. Tinta é uma coisa, cor é outra coisa.

3- Prova digital e Comunicação Visual: No item anterior, o perfil da impressão offset era nosso perfil de destino, ou seja, o perfil para o qual os valores CMYK seriam convertidos, tendo como referência os valores L.a.b lidos no arquivo original em RGB. Pois bem! Agora, é o contrário: este mesmo perfil da impressão offset será utilizado como REFERÊNCIA, ou seja, um perfil de origem. Ele será agora utilizado para interpretar, em L.a.b, os valores CMYK do arquivo. Esses valores L.a.b serão, então, enviados para os respectivos perfis de destino, que no nosso exemplo serão: o perfil da plotter com a lona de impressão, e o perfil da prova de cor contratual. Aqui, o gerenciamento de cores será executado dentro do próprio software RIP de cada uma das impressoras. É importantíssimo manter sempre calibradas suas estações de impressão digital - seja produção ou prova de cor. No caso de prova de cor, deve-se ainda utilizar um papel de prova de qualidade, para garantir que o gamut é maior do que os que se pretende simular, e não ter surpresas no final.

Clique aqui para baixar o Guia do Gerenciamento de Cores

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